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Há uma relação ancestral entre o homem e a máquina; especialmente se a máquina for a sua ferramenta de trabalho. Isto é tão mais verdade quanto se esse objecto fôr um símbolo de poder.

Veja-se a relação do soldado com a sua arma, do músico com a sua guitarra, do piloto com o seu avião e sim, do fotógrafo com a sua máquina fotográfica. Todos, objectos de poder.

 

Há quem diga que esta relação é eminentemente sexual. Araki Nobuyoshi, um prolífico fotógrafo japonês comparava a fotografia ao acto sexual.

 

 

Araki sometimes linkens photography to the sex act, and his camera to a penis, but he never looks or gestures at the women, his subjects, in a phallocentric manner. if the look in a man's eye is an attempt to understand the woman to project his own lust and to extract the hidden truth, then Araki becomes a woman when he takes photographs. He absorbs the incomprehensible scenes that he witnesses as well as the superficial relationships formed there without altering them. He copies with a refined eye. One might refer to Araki's camera as a device that resembles a vagina pretending to be a penis. In Araki's own eloquent words, "There is a camera between a man and a woman" (the title of the first collection of Araki's essays on photography, published in 1978). By this he means that the distance between the photographer and his subject cannot ever become transparent, due to the existence of the camera. Furthermore, Araki's camera comes and goes between the eyes of the man and woman, while diffusing the autonomy of the photographer.
 

Objectos fálicos à parte, este post vem mesmo a propósito é da minha relação com as minhas máquinas. Ainda as tenho quase todas. E as que não tenho é por terem sido "recicladas" para a descendência.

 

 

 

Polaroid ZIP Land Camera (1974) aka Super Swinger

 

Foi comprada aos dez anos em Moçambique, em parte com o dinheiro da semanada que não tinha onde gastar, em parte com a ajuda dos meus pais.

Este objecto estranho de linhas quadradas, quase robótico tem um exposímetro singular. O feedback para o fotógrafo era dado através de um painel de xadrez preto e vermelho onde leríamos YES sempre que a exposição fosse correcta. O manípulo vermelho à frente accionava o obturador e fazia a regulação da abertura. Ver mais imagens

 

 

 Pentax Espio 105 (1994)

 

As únicas boas memórias desta máquina são as fotos que tirei à minha filha. Era uma boa compacta para a época mas este modelo em particular deu-me vários problemas. Na realidade foi a única máquina que alguma vez fui forçado a reparar. Deixei-a para trás junto com a mobília do casamento.

 

 

 

Nikon F70 (1995)

 

O que está uma Nikon a fazer num universo predominantemente Canon? Guerras à parte (já fui mais faccioso pro Canon), a verdade é que a F70 é a verdadeira razão pela qual me apaixonei pela fotografia. Empurrado pelo meu grande mestre e génio dos Cárpatos António (Taw) Lopes, comprei esta delícia cheia de idiossincrasias de interface. Super robusta, a Nikon F70 foi sem sombra de dúvida a máquina que mais clicks teve. Mesmo considerando o custo dos rolos de 35mm slide e negativo, foi a que mais fotogramas produziu.

Na grande maioria terão sido slides dos Açores e alguns momentos familiares. Continua a ser a minha "all-time best". Provavelmente (definitivamente) por razões sentimentais; as mesmas razões que me levaram a comprar mais uns rolos de slides a semana passada e prontamente a montá-los na máquina para futuras expedições.

 

 

 

Canon EOS 300 (2000)

 

Sim, foi a primeira Canon que tive. Provavelmente um guilty pleasure para quem tinha uma Nikon e passava a vida a ouvir a oposição dizer que Canon é que era boa. Não vejo outra razão para a compra. Nunca foi muito usada nem me despertou grandes sensações.

 

 

Olympus C2000 L (2001)

 

A minha primeira digital! Enfim, que dizer. 2 MPs. É do tempo em que não se podia ser muito exigente com este tipo de câmaras. Lenta, lenta lenta a focar e a disparar e os resultados também não era brilhantes. Tive alguns issues não muito graves que me fizeram contactar o suporte da Olympus e jurei para nunca mais. Risquei a marca da lista e nem a nova PEN me desperta o apetite.

 

 

 

Canon IXUS 400 (2003)

 

Depois da experiência sui generis da Olympus, fui à procura da point-and-shoot perfeita. E encontrei-a. Esta máquina acompanhou-me centenas de vezes e nunca me deixou ficar mal. Incrível versatilidade e, para a altura, muito compacta.

 

 

 

Canon EOS 350D (2003)

 

Há tempos que andava à procura de uma DSLR. Algo que combinasse a F70 com a IXUS400. A Canon lançou esta "coisa" a um preço fantástico em 2003 e saltei de imediato no barco. A verdade é que à semelhança da EOS 300, não aqueceu nem arrefeceu. Cá em casa chamámos-lhe a máquina de guerra, i.e. a que não nos importamos de esfolar se for preciso.

 

 

 

Canon EOS 10D (2004)

 

"And now, for something completely different". Não, não é o larício (the larch), mas esta foi a primeira câmara semi-pro que tive. "Rock solid". Não desiludiu. Tive-a nas mãos pouco tempo pois uma oportunidade de negócio implicou vendê-la para comprar a EOS 1DS Mark II.

 

 

 

Casio Exilim Z750 (2005)

 

À procura de actualização para a fantástica IXUS 400, fiz uma primeira incursão na Casio. Para mim Casio ainda são calculadoras ou relógios de pulso. E se calhar é assim que devem continuar. A escolha foi motivada pelos 7.2 megapixels a um preço barato. Foi uma compra que só fez sentido durante a corrida louca aos megapixels, para chegar à conclusão de que megapixels não são tudo; aliás, nem metade da equação.

A máquina foi reciclada pela minha filha e voltou a casa com o visor todo escancarado. Et boeuf!

 

 

Canon IXUS 850 IS (2006) aka SD800

 

Finalmente a verdadeira sucessora da IXUS 400. Sim, esta ainda é a minha point-and-shoot de hoje. 3 anos no bolso e em uso é obra :) Compacta, sólida, rápida e, sobretudo, uma grande angular de 28mm. É a máquina ideal para todas as situações. Não vejo substituto à vista.

 

 

 

Canon EOS 1DS Mark II (2006) aka "O Escamartilhão" ou "O quebra-costas"

 

Quando se voa alto demais... Podes ficar com dor de costas. Ok, a câmara é full frame e isso é fantástico para tirar partido das lentes que tenho. A qualidade do sensor e estrondosa. A robustez não tem igual. A autonomia das baterias é assombrosa. Mas tanto adjectivo pesa. Oh como pesa! Acabo por não tirar partido da máquina e é candidata a venda em breve.

 

 

Canon Powershot G9 (2007)

 

A razão pela qual comprei a G9 foi a máquina anterior, a 1DS Mark II. Esta powershot é uma excelente máquina, a meio caminho entre a point-and-shoot e a DSLR. Mas o problema é esse mesmo. O meio caminho. Foi reciclada para a namorada :) Ela que diga de sua justiça.

 

 

 

Canon EOS 7D (2009)

 

7D? E porque não uma 5D Mark II?.

Porque a 7D apesar de não ser full frame, tem flash incorporado e além disso permite controlar flashes remotos sem fios e sem necessidade de adaptadores adicionais.

É a aquisição mais recente e estou satisfeitíssimo. Sem dúvida o melhor equilíbrio entre features, peso, interface de todas as DSLR que já tive.

 

A terminar, ficam aqui as 3 melhores máquinas que já tive, usei e continuo a usar.

Nikon F70, Canon IXUS 850 IS e Canon EOS 7D

Loaded and ready to go!

 

 

 

 

Canon Powershot G9

Será desta que encontrei a máquina fotográfica ideal?

Quem me conhece chama-me gadget freak, early adopter e outros mimos. A verdade é que quando falamos de fotografia, estes tiques todos caem por terra. Dizer que a máquina é a extensão dos olhos ou da criatividade do fotógrafo é apenas um lugar comum. Um gadget freak vai à procura da máquina que para além da fotografia, toque uns MP3, tenha GPS integrado, Wi-Fi, relógio e eventualmente sirva de descascador de batatas (olha! descrevi o Nokia N95).

No meu caso, procuro conforto. A zona de conforto para um fotógrafo é o resultado de uma equação complexa com variáveis estranhas como os olhos, os músculos, os neurónios, o tacto, a estética e até os dedos.

É por isto que a máquina ideal não existe.
É por isto que uma descartável da Kodak é a máquina ideal para a D. Balbina do 3º Esq.

Eu gosto de fotografia. Eu gosto muito de fotografia e não das máquinas. O que mais me irrita é ter de lutar contra a ergonomia e falta de informação no preciso momento em que após imaginar o enquadramento ideal, decido a fotografia.
Dito isto, estarão a pensar: "é pôr tudo no automático e clicar".
Puro engano. O automático é um agente da democracia fotográfica. Um agente do MFA numa sessão de esclarecimento que ensina toda a gente como deve proceder para se ser um verdadeiro democrata.
O resultado é um cardume de fotos todas iguais, com a mesma luz aborrecida e detalhes distantes que não interessam a ninguém. E sim, também tenho vários cardumes desses nos meus arquivos.

Quando decido uma fotografia sei 3 coisas básicas: luz, enquadramento e detalhe. Uma boa máquina é a que não me obriga a gritar com ela para obter o que quero.

Cabe aqui uma confissão de que me vou arrepender amargamente. Até hoje, só uma máquina acertou na minha zona de conforto. Não sei ao certo porquê. Provavelmente por ter sido com ela que aprendi a fotografar. Era (e é) a velhinha Nikon N70. A piada é que na guerra Canon vs Nikon, a minha trincheira é da Canon, mas isso são outras contas que ainda terei de fazer.

Depois da N70 veio a EOS 300 que nunca me agarrou. Provavelmente porque estava quase a fazer a transição para o digital.

No mundo digital SLR passei pela 10D e depois para a EOS 1DS Mark II. Tinha tudo para ser a máquina ideal. Full frame digital, resolução em barda, lentes fantásticas, todas as funcionalidades que precisava. A verdade é que quando quero fazer fotografia, a escolha da 1DS é sempre um drama. Esta máquina não cabe na tal zona de conforto. Peso, muito peso, muito pouco discreta, demasiado cara, etc. Tudo isto funciona como um grande turn-off e não é libertador. Fotografar é uma preocupação constante. A máquina está demasiado presente.

Procurei então o mundo das compactas. O rol é grande. Uma Olympus C-2000, uma Canon de 4MP, uma Casio Exilim Z-750 e finalmente, uma IXUS 850 IS.
E foi esta última a que mais se aproximou da zona de conforto. A máquina é verdadeiramente fantástica. O software é excelente. A ergonomia fantástica. O peso, libertador.

Surge entretanto a Powershot G9. À priori, tem tudo para dar o passo seguinte em relação à 850IS. Tem uma zona criativa maior e mais próxima dos princípios básicos da fotografia. Controle manual, um LCD enorme, um peso absolutamente ideal e 12 MP RAW.

A máquina só chegou ontem. Ainda não tive oportunidade de a testar no campo. Ainda assim, aqui ficam as primeiras impressões:

Gosto

Da estética.

A meio caminho entre a slim compact e a full SLR.
Preta. Pouco espalhafatosa. Linhas direitas. Botões rotativos para escolher o modo e o ISO (adoro esta feature)

Do LCD.

É enorme e brilhante. O nível de detalhe e a rapidez de resposta são muito bons. Até a minha mãe vai conseguir ver fotos num écran destes :)

Do software.

É uma evolução do que já conhecia da 850 IS. Controles simples sem necessidade de usar grandes combinações de teclas.
Controle manual. Fácil de usar. Intuitivo.

Do estabilizador de imagem

É absolutamente genial. Sempre detestei o flash. O flash é o responsável por muitas fotografias de extraterrestres que por aí andam. Perdem-se as nuances, as sombras, as tonalidades de côr.
O estabilizador permite-me tirar fotos em condições de luz verdadeiramente agressivas.

ISO 80-3200

Simplesmente porque me ajuda a evitar o flash :)

Face detection.

Sim, para fotografias do tipo "cardume", é uma funcionalidade gira e interessante. Evita a necessidade de focar e re-enquadrar.

Exposure lock

É um must have para uma máquina perfeita. Na Powershot G9, esta funcionalidade está acessível e fácil de usar ao contrário de outras máquinas profissionais.
Medir a luz e escolher a exposição correcta é a lição mais importante para qualquer fotógrafo amador. As medições "evaluativas" automáticas ponderadas ao centro ou outras artimanhas são os maiores responsáveis pelas fotos-cardume.

Rapidez

A resposta das teclas é rápida. Não há pausas idiotas entre a escolha de opções.
A focagem é muito rápida e precisa. Há opção de focagem manual mas é uma treta inútil na maioria dos casos.

Não gosto

Não percebo porque insistem nos modos criativos. São absolutamente inúteis para mim. Night shot, sports, landscape, etc. Não é assim que decido uma fotografia. Não é o meio que me condiciona, mas o objecto.

35mm ? Esta falha é grave. No mínimo devia ter uma distância focal mínima de 28mm. Sou fã da grande angular e da ambiência que cria. Enfim, há adaptadores.

O viewfinder é minúsculo. Sim, eu sei que numa máquina compacta já ninguém usa o viewfinder. Mas é pena. Estou demasiado habituado a enquadrar com o viewfinder. E embora a distorção entre a foto real e o que vemos no viewfinder não seja grande, não se trata obviamente de uma SLR com tudo o que isso significa. Estamos sempre a ver uma aproximação da imagem.
Em compensação, o LCD é demasiado bom para não ser usado na composição da foto.

Bottom line

Pelo preço, (pouco mais de 500 euros na Colorfoto) e pela promessa de entrar calmamente na minha zona de conforto, a Powershot G9 é bem capaz de ser a melhor máquina que já tive.

Será desta?
Prometo responder algures no tempo.


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