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Só tenho direito a 12 desejos não é? Acabo de saber que afinal já não preciso usar um deles.
Chegou-nos há pouco (ironia das ironias, por telefone, Nokia E71), a notícia de que a Ensitel havia publicado um novo comunicado ponto um ponto final nesta história.
Deixo os saltos e os olés para quando estiver mais entornado. Por agora ficam alguns sentimentos contraditórios:
O comunicado está muito bem redigido. Antes de mais porque é o primeiro a vir assinado. É o primeiro contacto a ter um rosto humano. Um tal Pedro Machado. Em seguida porque não se limita a anunciar o fim da acção judicial; pelo contrário, perspectiva uma postura diferente para com os clientes no futuro.
E no entanto, os sentimentos são, como disse, contraditórios. Depois de viver de perto a montanha russa de emoções e acontecimentos das últimas 24/48 horas, com as suas ilusões, frustrações, irritações e esperanças, diz-me o meu lado racional para não embandeirar em arco e não retirar conclusões precipitadas como já tenho visto alguns fazer.
A Ensitel é uma empresa. E o objectivo supremo de qualquer empresa é fazer dinheiro. Nada mais do que isso. Não é inteligente relacionarmo-nos com empresas da mesma forma que o fazemos com pessoas de carne e osso. Nas empresas não há compaixão, humanidade nem valores de liberdade e fraternidade. Nas empresas há a religião do lucro.
Não foi por acção directa das nossas tiradas inflamadas, da nossa sátira ou promessas de não comprar nada à Ensitel que este volte face aconteceu. Não se iludam. A Ensitel já havia provado não ter o "rádio" sintonizado nessa frequência.
Foi antes por acção indirecta. De três formas:
Em primeiro lugar, o escalar do caso para os órgãos de comunicação social tradicionais, com direito a abertura de blocos noticiosos e vários artigos de opinião.
Em segundo, a coincidência de não haver outro tópico noticioso "sumarento" nesta altura. E de o público querer ouvir algo mais do que notícias sobre a crise.
e "last but definitely not least"
A consciência da ineficácia da acção que a Ensitel moveu. Quando esta decidiu avançar, pensou que a remoção dos posts iria garantir a protecção do seu "bom nome".A reacção de todos nós teve um efeito colateral que acabou por ser definitivo. O mérito da acção suspensiva movida pela Ensitel esvaziou-se por completo.A Ensitel percebeu que não lhe iria servir de nada mandar remover os posts. Não só estes já estavam replicados em vários sites, como o seu conteúdo era inócuo quando comparado com as centenas de novos posts escritos pela comunidade. Qualquer um deles bem mais atentatório ao "bom nome" da empresa.
A decisão era pois: ou avançar com uma acção cujo efeito prático seria 0. Ou recuar e fazer damage control, cumprindo o objectivo de qualquer empresa: ganhar o máximo de dinheiro e evitar as situações que afectem negativamente as suas vendas.
Optaram e bem pela segunda. Cá estaremos para ver as iniciativas que "estão a preparar".
E desta reacção química que precipitação ficou?
. Ainda há esperança para as causas online
. Cerca de 5% dos que se manifestaram via Twitter contribuiram activamente para os custos legais de defesa. Isto em menos de 24h e numa véspera de fim-de-ano.
. Trolls will be trolls. Para sempre.
Uma nota final.
Embora o Twitter e os Blogs sejam por vezes muito parecidos com os primeiros 10 minutos da Vida de Brian, com tanto messias, tantos Biggus Dickus e Sillius Soddu, tudo isto aconteceu espontaneamente. Sem necessidade de recorrer a profetas ou auto intitulados criadores do universo para nos guiar.
Os profetas desta vez estiveram de férias. Se calhar foi por isso.
Bom 2011
O texto do comunicado: