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A verdade é que estou farto da história dos cartões.
E mesmo resistindo ao constante impingir do rectângulo de plástico, apercebo-me que tenho mais cartões do que alguma vez irei usar.
Ele é o da BP, o da GALP, do Corte Ingles , do Carrefour , da Pixmania , da CEPSA , fora os que realmente uso, como o MB , VISA e... FNAC claro (mesmo aqui há marosca) P
O cartãozinho é a marijuana do consumismo. Está cheio de pushers em cada esquina. Dealers da pior espécie que tudo fazem para nos impingir mais um charuto.
Se já é chato quando é inútil e nos fica apenas a fazer volume no bolso das calças, imaginem o que será quando, iludidos, acabamos por perceber que fomos enganados.
Mas isto piora. É que há casos em que o engano resulta da pura e simples preguiça e falta de organização da entidade emissora. É o caso do famoso cartão GALP.
Mais de 40.000 Km por ano justificam uma certa intimidade com a bomba de gasolina. É uma intimidade dispensável é certo, mas ainda assim acolchoada pelo conforto de saber que estamos a acumular pontos. Pontinhos preciosos que vamos poder converter em inutilidades inteiramente grátis. O ar ufano com que o caixa nos dita os pontos. São 2775 pontos senhor poingg ! Gostava mesmo que esta frase fosse cantada como na Lotaria Nacional. Sempre era mais emocionante.
A melhor fase do jogo dos pontos é quando eles publicam um catálogo novo. Cheio de parcerias duvidosas e para-gadgets encalhados nas prateleiras. Gosto de o folhear e dobrar o canto da folha naquela página da malinha de ferramentas ou da bola de futebol. Acabo por não dar o passo seguinte pois por norma a entrega não acontece na loja e implica uma série de burocracias para as quais não tenho tempo.
Até que...
Lá estava! Um mini estojo de ferramentas para entrega directa na loja! Era mesmo aquilo. Ainda por cima eu sabia que ela andava atrás de uma coisa dessas para o Smart . O diálogo que se seguiu é digno de um sketch Pythoniano .
- Boa tarde. Gostaria de trocar os meus pontos por este estojo de ferramentas.
- Ah! Só podemos entregar coisas que digam que são de entrega directa na loja.
- Mas olhe que este diz. Pode ver se tem aí?
- Só um momento... Mas olhe que acho que não.
Passam uns instantes previsíveis
- Não tenho nada disso aqui.
- Muito bem. Então como faço? Posso encomendar?
- Não! Não pode encomendar. Só pode encomendar coisas que não sejam de entrega directa na loja.
- Mas então como faço para receber isto?
- Só se for o nosso supervisor a encomendar. Mas só por favor especial. E isso demora-lhe umas 3 semanas. Não sei se é possível.
- O supervisor? Mas está aqui no catálogo, eu quero trocar os pontos por isto. Diga-me! Como faço?
- Não pode! Só encomendando algo que não seja para entrega imediata na loja.
A conversa teve mais uns loops . Estava acompanhado pelo meu filho que comentou:
-- Oh pai! Não está certo. Esses senhores são uns mentirosos. Estava no livrinho e depois dizem que não têm! São como os senhores do clube Olá que ficaram de me enviar a caderneta há meses e nunca mais! E eles diziam que ia chegar rapidamente!
É ridículo o investimento que fazem nestas coisas. Investem no catálogo, na pin-up dinamarquesa para a foto e falham no que realmente interessa. É a promoção pela percepção. Os incautos acham que aquilo é a sério e até são capazes de escolher a GALP em detrimento de outra gasolineira.
P.S. Não posso deixar de mencionar o cartão da FNAC. Os mais consumistas já devem ter reparado que existem cada vez menos oportunidades de usar o desconto de 6%. Ou é da minha vista, ou cada coisa mais cara que me cai no goto onde seria lógico usar o desconto, está pintada de "preço verde". E o preço verde... Não tem desconto.
O resultado é um acumular de descontos que não vou usar. Como os pontinhos da GALP.